sábado, 21 de julho de 2012

Pedaços...

Eu tenho olhado pra essa página em branco nas últimas duas horas, ou melhor, nos últimos dois dias, ou dois meses, ou até quem sabe nos últimos dois anos. A verdade é que eu não sei e talvez nunca saiba o que escrever, se for possível escrever, para exprimir e desabafar tudo aquilo que venho carregando de muito longe, há muito tempo. Como eu posso conseguir traduzir todo o sentimento de vazio, de desesperança, toda a culpa guardada dentro de mim? Seria como tentar escrever no vento, enxergar o ar e congelar o fogo. ´ Difícil viver, mais ainda conviver com um estranho quando ele é você mesmo. Saudade nunca foi o problema. Relacionamentos passados, depois de um tempo para digeri-los, são só lembranças. O problema real são os pedaços que da gente ficam para trás, partes pequenas, mas inestimáveis para o nosso ser. E é isso que causa a dor, cada partícula do “Eu” que fui deixando, que vão me roubando, vai alterando, me mudando de dentro para fora causando uma metamorfose, mudando meu modo de ver e agir no mundo, de sentir... De amar. Depois que compreendi isso, essa saudade de mim, desde então tem sido uma guerra. Uma batalha diária, uma procura incansável. Buscar os pedaços de mim em alguns lábios, em alguns olhares, abraços e corpos. Sentir o sol e mesmo assim está com frio, é como penso sobre essa procura infinita. E quando acho que encontrei algum, me engano, me iludo. Largo de mão do meu orgulho e por vezes até meu respeito. Sou excluído, renegado, abandonado... Ignorado. Entretanto, não sou sempre vítima, nessa guerra, se vive o bastante, talvez, pra se tornar o vilão e levo pra casa pedaços que não são meus, de gente que não merecia, de alguém que não deveria sofrer ou se decepcionar com pessoas como eu. Porém a vida é assim, nos ensina através de duras lições, mas, o vazio é duas vezes maior por isso, por saber que perdemos o maior pedaço que poderia ser nosso, que poderia ser o nosso...

Nenhum comentário:

Postar um comentário